Navegando no LinkedIn encontrei este texto de Guilherme Odri e tomei a liberdade de reproduzi-lo aqui. Nem sempre temos o talento de traduzir em texto o que pensamos e queremos transmitir, e que bom que hoje podemos encontrar quem tenha este talento e dedica seu tempo com tamanha qualidade. Guilherme, por favor entenda como uma homenagem esta reprodução de seu texto.
Fosse a sua carreira um filme, você seria o personagem principal? A pergunta pode parece boba, mas pense com carinho: você está onde está hoje porque buscou ativamente isso ou reagiu passivamente às condições do mercado, preocupações financeiras e outros fatores externos? A verdade é que ser protagonista da própria carreira é coisa tão óbvia quanto rara nos dias de hoje.
Não se trata de ser refém da estabilidade empregatícia, mas de algo muito mais sutil: trata-se de olhar para trás e não conseguir enxergar com clareza como se chegou ao estágio presente da vida profissional. Isso é o suficiente para atestar a “coadjuvância” na própria história?
É bem verdade que, da maneira dinâmica com que o mercado de trabalho atua nos dias de hoje, o conceito de “plano de carreira” ficou um pouco obsoleto. Mas, no pouco espaço de controle nos destinados atualmente, é difícil determinar qual é o tamanho da influência que de fato exercemos sobre nossa atuação profissional.
Veja, a imprevisibilidade profissional não é necessariamente ruim.
Para reforçar isso, recorro inclusive a minha própria história: quando entrei na faculdade de Jornalismo, jamais imaginei que trabalharia como editor de notícias de uma rede social. A função sequer existia, é bem verdade. E essa flexibilidade moderna de cargos é um fator que contribui ainda mais para esse cenário atual, cheio de questionamentos. Vivemos hoje em um ponto de transição entre os “ultrapassados” modelos de carreira com promoções determinadas pelas empresas, em uma relação quase de pai e filho, e o radicalismo dos “larguei tudo para viajar o mundo e registrei a jornada no Instagram”. E pontos de transição são sempre de difícil leitura.
As empresas e empregadores têm papel fundamental nessa equação. Foi-se o tempo do determinismo hierárquico, mas ainda é função das companhias oferecer aos funcionários se não respostas, possibilidades de respostas. As empresas precisam, ainda que de maneira sutil, sugerir rotas aos seus empregados. A problemática é que, nos dias atuais, o funcionário precisa ser a própria bússola.
A questão, portanto, transforma-se: o que é ser protagonista da própria carreira?